Há datas que não se apagam. O 25 de Abril de 1974 é uma delas. Foi nesse dia, há 51 anos, que um país inteiro acordou para o fim de quase meio século de ditadura. Sem tiros e sem violência, mas com cravos vermelhos nos canos das espingardas, soldados e cidadãos abriram as portas à democracia, à liberdade de expressão, ao direito de votar e ser ouvido.
A Revolução dos Cravos foi mais do que um movimento militar. Foi o reflexo de um povo cansado da censura e do medo. Durante décadas, a imprensa era controlada e pensar diferente podia significar prisão, exílio ou morte. Abril foi a resposta organizada, coletiva, e, sobretudo, esperançosa.
Entre os que acenderam essa esperança, Coimbra teve um papel decisivo. A Cidade de estudantes e de lutas, foi palco de algumas das mais importantes manifestações contra a ditadura. Ainda nos anos 60, as crises académicas e os protestos em defesa da liberdade começaram a abalar o regime.
Foram os estudantes da Universidade de Coimbra, ao pedir a palavra, que desafiaram abertamente a proibição de falar, cantar ou escrever livremente. Nas universidades, nas repúblicas, nas ruas, germinava o querer de um país diferente.
Hoje, celebrar o 25 de Abril é mais do que um gesto simbólico. É reconhecer o legado de quem, mesmo sem armas, lutou por um futuro mais justo. É honrar aqueles que fizeram da universidade um espaço de pensamento crítico e de combate democrático. É, acima de tudo, um continuar da luta para que nunca mais seja necessário pedir a palavra.
Abril não pertence ao passado. Vive em cada voz que se levanta contra a injustiça, em cada jovem que não se resigna, em cada cidade que se lembra. Porque a liberdade é conquistada, mas nunca garantida.
Por Pedro Xarão